A programação especial do mês das mulheres na Bibliomundi segue firme e forte e, dessa vez, queremos falar sobre as personagens femininas que roubaram nossos corações.
Se vivemos em um mundo onde a maioria dos escritores de destaque são homens, você pode imaginar o impacto que isso tem nas personagens femininas. Foi o que levou a quadrinista Alison Bechdel a lançar o quadrinho The Rule (“A Regra”, tradução livre) na série Dykes to Watch Out For, no qual sua personagem explica ter uma regra antes de ir ao cinema:
- O filme precisa ter pelo menos duas personagens femininas
- Elas precisam conversar uma com a outra
- O assunto não pode ser um (ou mais) homem(s).
Essa regra tão simples, que nasceu como um quadrinho de comédia dos anos 80, se tornou o famoso “Teste de Bechdel”, que é utilizado amplamente como um medidor da representatividade feminina na ficção na atualidade. E sabe o que é impressionante? Até hoje, muitos filmes não passam nesse critério básico.
Frente a essa escassez de personagens femininas na mídia, ainda mais personagens que não vivem em função dos homens, quando encontramos uma personagem mulher com identidade própria, agência, voz. Ah, ela se torna muito especial.
Para muitas meninas, esse tipo de personagem é um exemplo. Elas se espelham nessas personagens, às vezes enxergando suas próprias fraquezas e desafios, às vezes enxergando suas próprias potencialidades e conquistas. Se uma menina lê uma história que mostra uma mulher sendo forte, ela aprende que também pode ser forte. Se essa personagem tem voz própria, a menina aprende que ela pode se expressar também.
Nas dicas de autopublicação da Bibliomundi, vamos falar sobre algumas personagens femininas para lá de especiais. Quem sabe elas possam inspirar não só jovens mulheres, mas também você, que escreve, a publicar livro com toda a representatividade feminina que o público merece.
Hermione Granger – Harry Potter, de J.K. Rowling
Quando falamos sobre as personagens femininas mais queridas da cultura pop, Hermione Granger é um nome que não pode faltar. A bruxa é um exemplo de inteligência, força, lealdade.
Hermione, um dos grandes prodígios da sua geração, só descobriu ter poderes mágicos quando recebeu sua carta de Hogwarts. Sem nenhum conhecimento prévio desse mundo mágico, ela meteu as caras nos livros e se tornou uma aluna incomparável.
Amamos Hermione não apenas pelo seu lindo intelecto. Ao longo dos livros, ela se mostrou uma amiga leal e afetuosa, além de ter determinação para seguir seus ideais e gostos, mesmo que receba críticas. (E como as recebeu).
Em Hogwarts, ela sofria bullying por ser uma menina dentuça, com cabelos cheios e por ter pais trouxas, o que fazia com que certos bruxos a discriminassem como alguém de “sangue ruim”. A capacidade de Hermione para se manter forte mesmo nesses momentos e de constantemente se provar maior e melhor do que seus inimigos são uma fonte de força para pequenas leitoras que, como ela, também são maltratadas na escola.
Sem dúvidas, Hermione merece o lugar que ocupa em nossos corações.
Annalise Keating – How To Get Away With Murder, de Shonda Rhimes
A advogada Annalise Keating, uma das protagonistas da série How To Get Away With Murder, é uma das personagens mais apaixonantes da TV. O seu papel não é importante apenas para as inúmeras mulheres que assistiram à série na TV, mas também para a própria atriz que a trouxe à vida.
Interpretada pela magnífica Viola Davis, o papel levou o prêmio de Melhor Atriz em Série Dramática no Emmy Awards 2015 para a atriz, tornando-a assim a primeira mulher negra a realizar essa conquista.
Segundo Viola Davis, o papel de Annalise Keating “está revelando tudo que as pessoas dizem que nós devemos ser, especialmente enquanto mulheres de pele retinta. Que não devemos ser sexuais, que não podemos ser desagradáveis, que podemos ter raiva, mas não podemos mostrar vulnerabilidade, que não podemos ter feridas, não podemos ser inteligentes. Revela todas essas opiniões. E mesmo que não seja executado o tempo todo do jeito que as pessoas gostam, não importa. O que importa é que ela está por aí. É isso. Ela está aí, ela está na tela, ela está causando impacto.” (Tradução livre).
Chihiro – A Viagem de Chihiro, de Hayao Miyazaki
Os filmes de Hayao Miyazaki são famosos por suas personagens femininas. Com personalidades únicas e potencialidades singulares, é difícil pensar em sequer uma que não seja absolutamente incrível. Isso inclui a protagonista d’A Viagem de Chihiro, primeiro e único filme não-anglófono a ganhar o Oscar de Melhor Animação.
Chihiro, ao que tudo indica, é apenas uma criança. Uma menina jovem, normal, talvez até um pouco mimada a princípio. Contudo, quando sua vida vira de cabeça para baixo ao adentrar um mundo mágico onde seus pais são transformados em porcos, ela enfrenta todos os desafios e todas as suas limitações de cabeça erguida.
Ela aprende novas habilidades, faz novas amizades, encara aqueles que a querem fazer mal e, em meio a toda essa turbulência, também se permite chorar e ter momentos de vulnerabilidade e confusão. Observamos uma evolução visível de uma menina destrambelhada e insegura a uma menina corajosa e confiante. E tudo isso acontece sem que ela se torne uma pessoa amarga. Muito pelo contrário.
É bem fácil se identificar com as características de Chihiro porque, em sua essência, ela é uma menina bem normal. A sua potencialidade está na maneira que cresce em frente às dificuldades, o que a torna uma grande inspiração para qualquer pessoa.
Ufa. Falamos só sobre três personagens e, mesmo assim, o assunto já rendeu. A verdade é que, quando olhamos para uma personagem feminina bem escrita, encontramos um mundo inteiro dentro dela. Assim como pessoas de verdade, elas carregam toda a complexidade humana em si. Um equilíbrio entre qualidades e defeitos. Entre desafios e superações. E é por isso que as amamos.
Neste mês das mulheres, o que queremos ver são mais autoras mulheres publicando seus livros, criando novas histórias e apresentando ao mundo cada vez mais personagens femininas apaixonantes.
E você, conte para nós, qual é a sua personagem feminina favorita?