Por Bianca Rolff
A maior premiação mundial do cinema foi, neste ano de 2019, marcante. E um dos grandes motivos para que esta marca fosse deixada na história dos quase 100 anos de existência do Oscar se deve ao incontestável protagonismo feminino.
A cerimônia, ocorrida em Los Angeles neste mês de Fevereiro, bateu o recorde de prêmios ganhos por mulheres, num total de 15 estatuetas, incluindo categorias técnicas e de atuação. E quando falamos em cinema, estamos falando de contar histórias.
O cinema talvez seja, dentre todas as formas artísticas, aquela que mais consegue se aproximar de seu apreciador. A junção de imagens e sons tem, em sua essência, o poder de emocionar, modificar pensamentos, desenvolver sensações cuja intensidade, em muitos casos, é tão real quanto situações de nossas próprias vidas.
Tudo isso se dá a partir do modo como contamos uma história.
Quando falamos de uma “ótica feminina”, não estamos querendo dizer de uma peculiaridade, um poder especial dado às mulheres ao fazerem cinema, mas de
representação. Licença à parte com o trocadilho no termo, num mundo ainda tão estigmatizado e com ideais ultrapassados, porém ainda enraizados, darmos voz (som, roupagem ,imagem, direção) às mulheres aponta para mudanças de pensamento e de ação, dentro e fora de quadro. E esse é um movimento que ultrapassa a fronteira do cinema, chegando às narrativas televisivas.
As produções lideradas e idealizadas por Shonda Rhimes são o grande (talvez o maior) exemplo de força da mulher enquanto autora e showrunner. Não só temos histórias com forte protagonismo feminino (vide Grey’s Anatomy), como protagonistas negras, em casos de sucesso como Scandal e How to Get Away WithMurder. A presença de mulheres em funções criativas nos dá perspectivas distintas sobre a(s) realidade(s), perspectivas estas com as quais vínhamos tendo um contato dissolvido em uma visão centralizada noutros tipos de protagonismo.
O que nos retorna ao Oscar. Contar histórias tem início nos roteiros bem escritos, desenvolvidos e pensados com o intuito de serem expressivos e conterem uma mensagem significativa. Mas vai muito além. É sobre figurino, direção de arte, maquiagem, edição de som, canções originais, design de produção, direção, seja em longas ou curtas-metragens, de ficção ou documentais.
Em 2019, podemos afirmar que os melhores profissionais em cada uma dessas funções, é uma mulher. E isto é, na sua ótica mais promissora, fazer história.
Bianca Rolff é cineasta, bacharel em direito e atriz, formada respectivamente pelo Centro Universitário Una e pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (para os dois últimos). Como cineasta, trabalha majoritariamente como roteirista e na concepção artística de projetos. É autora do livro Do Click ao Ação! – A criação narrativa de roteiros de ficção para cinema e videoclipes, publicado pela Bibliomundi. Atualmente, dentre os projetos em que atua, está a escrita de seu próximo livro literário.
#umapuxaaoutra: Quem são as mulheres inspiradoras que você gostaria de apresentar?
Yara Tôrres – É Cineasta, formada pelo Centro Universitário Una, e Designer de Som. Uma das poucas mulheres desempenhando esta função em Minas Gerais e uma das melhores profissionais do mercado. Trabalha com captação e finalização de som em quaisquer obras audiovisuais.
Instagram: @_yaratorres @yatosom
Juliana Almeida – Atriz, professora de Teatro e Performer. Uma das profissionais mais versáteis e competentes que conheço, conseguindo transformar as 24h de um dia em muitas outras, para dar conta de tantos trabalhos.
Instagram: @julianasalmeida_
Ambas são feministas e humanitárias.