Dizem que uma imagem diz mais do que mil palavras. Talvez. Mas e se você tentar escrever as mil palavras que essa imagem diz à você?
Nas nossas dicas de autopublicação, sempre batemos na mesma tecla: é escrever que torna alguém um escritor. Você deve praticar sempre e, de preferência, até mesmo adotar uma rotina de escrita com metas diárias para publicar livro.
Agora, o que fazer quando a tal da inspiração não vem? Bom. Também já falamos sobre isso. A inspiração se cria. Mas não se preocupe. Hoje vamos dar uma mãozinha.
Se você não está se sentindo inspirado, queremos propor um exercício: busque uma imagem e escreva aquilo que você imagina a partir dela.
Para facilitar mais um pouco, também determinamos um tema para o exercício de hoje. Uma casa. Pode ser qualquer casa. Abra o Pinterest e pesquise por imagens de casas. Escolha aquela que desperta algo em você, e escreva uma história curta a partir daí.
Não tem problema se o resultado for um pouco mais descritivo. Não tem problema se você não escrever nenhuma obra prima. Isso é um exercício. Apenas um exercício. Deixe sua imaginação fluir. O que essa casa diz para você? Escreva.
Como meta, conte uma quantidade mínima de mil palavras.
Cenários como inspiração para histórias
O ambiente em que uma história se passa pode ser nada mais do que um pano de fundo, mas também pode ser um dos elementos principais de uma história. De certa forma, um lugar pode ser quase como uma personagem.
Temos, por exemplo, o conto O Papel de Parede Amarelo de Charlotte Perkins Gilman, que conta em primeira pessoa a experiência de uma mulher que foi confinada em um quarto por seu marido médico como forma de tratar a sua depressão. O quarto em questão tinha um papel de parede amarelo.
Acompanhamos na narrativa a decadência do estado mental da protagonista, que fica obcecada pelo papel de parede e desenvolve aos poucos um quadro psicótico.
E assim, temos toda uma história, embora curta, com um tema relevante… mas cuja narrativa é toda centrada em um único elemento: o papel de parede amarelo do quarto onde estava confinada.
O Papel de Parede Amarelo aborda saúde mental e misoginia ao retratar uma situação muito comum para as mulheres do século XIX, frequentemente consideradas histéricas e sujeitas a confinamento para o “seu próprio bem” de acordo com a percepção dos homens.
Contudo, em tempos de isolamento social, é possível também se identificar com esse conto de novas formas. Como fica a relação de um indivíduo com a casa quando se é obrigado a se confinar dentro dela? Você desenvolve medo do mundo lá fora? Ou ódio de ficar trancado?
E se a sua casa fosse completamente diferente de como ela é? Será que você sonha com casas diferentes, talvez mais rústicas, talvez mais futuristas?
Todas essas possibilidades podem ser exploradas através de um conto. Basta você se permitir.
Inspiração para escrever: o que cada casa diz a você?
Olhe essa casa na árvore, por exemplo. Observamos aqui uma casa de madeira suspensa, apoiada nas árvores, rodeada do que parece ser uma floresta. A casa é pequena, mas tem dois andares, com muitas janelas e uma varanda no segundo piso. Por toda abertura escapa uma luz amarela vibrante. Para entrar na casa, há um caminho de pedras no chão e uma ponte de madeira com dois lampiões no começo.
Para ajudar no exercício, você pode começar se perguntando as seguintes questões:
- Que tipo de pessoa moraria nessa casa?
- Essa pessoa moraria sozinha ou acompanhada?
- Ela teria animais de estimação?
- Que tipo de vida essa pessoa levaria?
- Ela sempre morou nessa casa ou se mudou para lá?
- Ela encontrou a casa assim ou a construiu do zero?
- Se a casa já existia antes, quem morou nela antes dessa pessoa?
- Essa casa se encontra em um lugar remoto ou populoso?
- Essa pessoa tem vizinhos?
- Viajantes passam por essa casa?
- Qual seria a reação de uma pessoa que passou em frente a essa casa pela primeira vez?
- E se, em uma noite qualquer, alguém batesse na porta?
Todas essas perguntas podem ajudar você a desenvolver a sua personagem principal e o enredo da história, como uma espécie de ficha. Responder a essas perguntas é opcional.
E se a casa for uma casa de bonecas? Que tipo de história você escreveria?
Na imagem, podemos observar uma casa de bonecas com dois andares e um sótão. No primeiro andar, há uma porta e duas janelinhas, com uma menina em frente à porta, e ao lado da casa há uma árvore, uma raposa e um menino andando de skate.
No segundo andar, há duas janelas com plantinhas no beiral e uma terceira janela onde um menino olha para fora, apoiado no beiral. No telhado, há duas janelas e uma chaminé.
Para escrever sobre uma casa em miniatura, há muitas possibilidades. Você pode escrever sob o ponto de vista de uma pessoa humana, que construiu ou brincou com a casinha. Você pode escrever sob o ponto de vista de uma boneca, ou até mesmo de uma fada ou outra criatura mágica que habitava a casinha secretamente. E, é claro, você também pode optar por escrever sob o ponto de vista da casinha em si.
Quando se trata de inspirações para a escrita, pensar no ângulo da história também é relevante. Um mesmo cenário pode se desdobrar de mil formas diferentes.
Ao escrever sobre uma casa de boneca, você pode pensar com a cabeça do artesão, que construiu cada pedacinho pouco a pouco, seja por amor ou pura obrigação profissional.
Você pode pensar no ato de brincar com a casinha, as diversas alegrias que ela trouxe para uma ou várias pessoas. E você pode até mesmo sair do plano realista e pular para o sobrenatural, imaginando experiências além no que antes era apenas um objeto inanimado.
E aí, autor? O que essas casinhas dizem para você? Escreva e compartilhe aqui! Quem sabe esse simples exercício não leva você a publicar ebook inédito?