Você consegue se declarar escritor? Ou toda vez que essa palavra sai da sua boca, você acha que está mentindo, que não merece esse título, que qualquer pessoa que chamar você de escritor estará enganada? E, então, sua mente entra numa espiral de insegurança: eu não sou bom o bastante, eu não escrevi o bastante, tudo que eu conquistei foi por sorte, eu não sou um artista, eu não sou um profissional, eu não sou nada.
Meu caro, você é escritor sim, mas é possível que você sofra da síndrome do impostor. Calma, esse não é o fim do mundo e você não precisa ver um médico, no máximo um terapeuta.
O termo “síndrome” vem do grego “syndromé”, que significa “reunião”, e é utilizado para caracterizar um conjunto de sinais e sintomas que definem uma determinada condição. A parte do “impostor” você já pode imaginar: significa que as pessoas que sofrem disso se sentem impostoras, como se elas não merecessem qualquer tipo de sucesso e, caso esse sucesso venha, elas acreditarão que foi apenas um engano.
Pessoas em diversas posições podem sofrer com a síndrome do impostor. Pode ser uma escritora ainda não publicada, que já se dedica à arte há muitos anos, mas acha que precisa de uma publicação para se chamar assim. Pode ser um escritor na modalidade autopublicação, mas que acredita que precisa da aprovação dos outros para ser escritor. Pode ser até mesmo uma autora premiada, mas que acredita que de alguma forma só ganhou o prêmio por sorte. E, é óbvio, não só escritores se sentem assim. Até um astronauta pode achar que foi parar no espaço só por engano dos outros, não porque mereceu.
Se sentir assim é péssimo, é assustador, porque não importa o quanto você avance, se você não mudar sua forma de pensar, ainda se sentirá um impostor imprestável. E em certos casos, esse sentimento leva a outro problema grave: a autossabotagem. Quando você desiste de algo ou perde oportunidades por pura falta de confiança. Quando o medo de falhar é paralisante.
Algumas pessoas abandonam a escrita por causa da síndrome do impostor. Outras nunca tiveram coragem de sequer tentar publicar ebook. Há aquelas que mesmo tendo vários livros publicados, simplesmente não conseguem falar sobre esses livros com outras pessoas e, por isso, falham em criar uma rede de contatos e leitores que poderia apoiá-las profissionalmente. São muitas e muitas oportunidades perdidas e sonhos abandonados.
A notícia boa é que você pode dar a volta por cima.
Como superar a síndrome do impostor?
A síndrome do impostor não é o fim da linha. Você pode ir muito longe e aprender a se sentir muito melhor consigo mesmo. O primeiro passo é entender o que está acontecendo com você.
1. A síndrome do impostor é um problema real
Você não é um impostor. Você apenas se sente assim, e isso não é frescura, é um problema real. Lembre-se da definição da síndrome do impostor e de como você se encaixa nos sintomas. Perceba que são sintomas. Que as suas inseguranças não refletem a realidade e, na verdade, cabem exatamente nessa caixinha que é a síndrome do impostor.
Somente ao reconhecer o verdadeiro problema você será capaz de tomar as providências necessárias para superá-lo.
2. Você não está sozinho
A síndrome do impostor é mais do que real, ela também é muito comum. Existem diversas outras pessoas que se sentem assim como você, talvez algumas sejam seus ídolos. Escritores consagrados como a revolucionária Maya Angelou e o super popular Neil Gaiman descreveram a sensação de achar que, em algum momento, alguém finalmente descobriria que eles são uma farsa e tudo acabaria.
Até mesmo Michelle Obama se sente assim. Uma advogada de currículo impressionante, uma das mais engajadas primeiras-damas dos Estados Unidos da América, que participou ativamente de conferências da ONU e diversos projetos de alto escalão.
Se pessoas tão prestigiadas podem sofrer da síndrome do impostor e mesmo assim você achá-las incríveis, então é possível que você seja incrível também e apenas não saiba disso ainda.
Por isso, ouça as histórias de outras pessoas com síndrome do impostor e não pare apenas nos famosos. Converse com outros autores. Participe de comunidades locais de escritores. Dialogue com outras pessoas que também estão lutando para se firmar neste mercado. Você não se sentirá mais tão só.
3. Valorize o seu esforço
Ei, você deu duro para chegar até onde chegou. Seja você um autor que ainda vai publicar livro ou um autor que já publicou. Você escreveu, você desenvolveu ideias, você se esforçou. Tudo isso é prova de que você merece sim conquistar seus objetivos!
Sempre que você subestimar suas conquistas, repasse todas as etapas do processo que o levou até elas. As partes que você fez com facilidade, as partes que foram tão difíceis que mais pareciam impossíveis. E se algo parecer impossível de novo, lembre-se de todas as vezes que você superou um grande obstáculo.
4. Acredite nos elogios
Quando você recebe um elogio, como é sua reação? Você aceita e acredita? Ou será que acha que quem o elogiou está mentindo ou tem péssimo gosto?
Não cabe a você separar em caixas os elogios “de verdade” e os “de mentira”. Todo elogio é válido. Mesmo que venha de um usuário completamente anônimo, cuja procedência você desconhece, é um elogio válido. Mesmo que venha da sua mãe que o ama tanto, é um elogio válido. Sempre é um elogio válido.
E se vier de uma fonte impressionante e muito respeitada, temos uma novidade para você: não foi sorte, nem foi engano. Você merece esse elogio também! Repita isso para si mesmo. Repita sempre. Aos poucos, ficará mais fácil de acreditar.
5. Siga sempre em frente
O medo e a insegurança podem estar presentes, mas o mais importante é não deixar que eles destruam você. Não desista. Continue escrevendo. Publique sim seus livros. Não fique parado no tempo, editando a mesma história para sempre. Publique. Fale sim do seu trabalho como escritor. Inscreva-se sim em concursos literários. Apenas siga em frente.
Prove para si mesmo que você pode conquistar seus objetivos, mesmo que a sua cabeça insista em dizer o contrário.
Como dizemos aqui na Bibliomundi, você pode ser o best-seller de amanhã.
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Artigo perfeito para mim que faço autopublicação. Parabéns pelo texto!