Dicas de grandes autores para iniciantes

Pode levar um tempo até você conseguir se estabelecer como um grande autor. Não é problema, afinal, até os melhores já foram iniciantes um dia. Ninguém começa de cima, e o caminho para alcançar uma carreira sólida e de peso nem sempre é uma linha reta.

Na verdade, o provável é que ela se assemelhe muito mais a um conjunto de estradas cheias de curvas e encruzilhadas, no qual você pode se perder e se encontrar diversas vezes. Se você ainda não se encontrou, não precisa resolver tudo sozinho. Alguns grandes autores deixaram algumas dicas para ajudar você.

Edgar Allan Poe

Como já estamos falando de começos, meios e fins, que tal ouvir a palavra da experiência de Edgar Allan Poe? O autor americano, conhecido pelos poemas e contos macabros, valorizava muito a “unidade” da obra.

Isto é, para ele, era importante que seus trabalhos pudessem ser lidos de uma só vez e que tivessem um tom e conceito consistentes. Para isso, ele considerava essencial saber o final da história antes de começar a escrever.

Segundo ele, “todo enredo digno deve ser elaborado até o defecho antes de se tentar fazer qualquer coisa com a caneta”. Ninguém é obrigado a seguir essa dica, mas existem muitas vantagens nesse estilo de escrita.

O gênero em que Poe escrevia, mistério e terror, se beneficiam muito dessa perspectiva. Nas palavras de Poe, sempre levar o final em consideração contribui para que o enredo tenha um “ar indispensável de consequência”.

Desde às tragédias gregas, nas quais o herói tem um destino inevitável, até o desenvolvimento de um senso de responsabilidade do protagonista, sempre existiu algo que movia a história até o final. Um enredo bem trabalhado mostra esse caminho de maneira que faça sentido.

Uma estratégia muito associada a essa noção é o foreshadowing, em português, “prenúncio”. São indícios deixados ao longo da obra que indicam possíveis desfechos. A ideia não é estragar o final, mas permitir que leitores ávidos percebam determinados sinais que explicam mais sobre a obra do que o óbvio.

Muitas vezes os sinais do foreshadowing só são percebidos ao se reler a obra e podem render excelentes discussões entre leitores que ainda não concluíram o livro ou série.

Stephen King

O notável e muito bem sucedido autor Stephen King também tem alguns conselhos para você. Com mais de 400 milhões de cópias publicadas em mais de 40 países, desperta no mínimo alguma curiosidade sobre o segredo de tanto sucesso.

Bom, a primeira dica para você seguir do Stephen King não é escrever pensando em 400 milhões de leitores de mais de 40 países diferentes. Muito pelo contrário.

Eu acredito que cada autor tem um único leitor ideal; que em vários momentos durante a construção da história, o escritor pensa “o que será que ele/ela vai pensar quando ele/ela ler este pedaço?” Para mim, esse primeiro leitor é minha esposa, Tabitha… Chame essa única pessoa para quem você escreve de leitor ideal.

Em outras palavras, você deve saber para quem você escreve, quem é seu público. É provável que nem todo autor tenha uma pessoa real para quem escrever, mas isso não é necessário. O mais importante é conseguir visualizar alguém, mesmo que seja uma entidade criada apenas para isso, que represente seu público.

Escrever para essa pessoa ou personagem única pode ajudar você a direcionar e autoavaliar sua história dentro do padrão de um leitor, o que provavelmente resultará em um trabalho mais autocrítico e sensível, que pode ser apreciado por diversos leitores.

Outro conselho, que pode soar contraditório a princípio, é escrever para si mesmo em primeiro lugar. O seu trabalho não é feito para agradar a 100% da população humana, mas se ele não agradar nem a você, será difícil continuar escrevendo.

Pensar em você e seu leitor ideal é bom o suficiente. Não se canse tentando abraçar o mundo.

Ernest Hemingway

Em diversos textos diferentes com dicas para escritores, encontramos as palavras de Hemingway. O premiado escritor e jornalista americano tinha muito o que dizer não só através de suas obras, mas também sobre elas e sua ética de trabalho.

Hemingway era capaz de organizar a escrita com disciplina e empenho, características de um bom profissional. Seus conselhos mais valiosos não procuram ditar qual tipo de autor você deve ser, nem o estilo de seu trabalho, mas o caminho para você produzir de forma criativa e eficiente.

O melhor caminho é sempre parar quando você está indo bem e sabe o que acontecerá em seguida. Se você fizer isso todos os dias enquanto escrever um romance, você nunca vai enfrentar um bloqueio.

Quando eu escrevia, era necessário ler o que eu havia escrito. Se você pensar demais sobre isso, você perde aquilo que estava escrevendo antes de poder continuar no dia seguinte. É necessário se exercitar, cansar o corpo, e é muito bom fazer amor com quem você ama. É melhor do que qualquer coisa. Mas, depois, quando estiver vazio, é necessário ler para não pensar ou se preocupar com o trabalho até poder trabalhar de novo. Eu aprendi a nunca esvaziar a fonte da minha escrita, mas sempre parar quando ainda havia algo lá no fundo da fonte e deixá-la se preecher com a água das nascentes que a alimentavam durante a noite.

Em resumo, você deve preservar sua criatividade. Escreva todos os dias e pare quando souber o que acontecerá a seguir. Depois que parar, descanse e esqueça do trabalho. Quando voltar, lembre-se de onde parou, o que acontecerá a seguir e deixe a imaginação fluir.

William Faulkner

E, por fim, temos um conselho muito sincero do célebre autor americano, William Faulkner, que colaborou no aprendizado de muitos jovens escritores na Universidade de Virgínia.

Eu acredito que o escritor, como já disse antes, é completamente imoral. Ele se apropria do que precisar, de onde precisar e o faz de forma aberta e honesta, porque ele espera fazer algo bom o suficiente para que outras pessoas depois dele se apropriem de sua obra e ele permite isso de bom grado, assim como acredita que os seus antecessores permitiram que ele se apropriasse da obra deles também.

Não tenha medo de se inspirar e se espelhar em outros autores. O seu caminho é único e não pode ser percorrido por mais ninguém. Aprender com os grandes apenas ajudará você a consolidar todo o potencial que já existe no interior.

8 Comentários

  1. Letícia Ribeiro

    Adorei as dicas. Vocês são bem mais profundos do que outros sites. Eu estou seguindo a dica de Edgar, saber o final antes de começar a escrever. Eu não queria fazer um final clicê, ou MUITO previsível. Eu tentei procurar dicas de como fazer um final bem elaborado, que não seja muito previsível e tals. Mas nunca achei um site que desse essas dicas. Será que vcs poderiam escrever um artigo com essas dicas? Seria bem interessante, e acho que ajudaria muitas pessoas a escrever seu final. Eu conheci a Bibliomundi quase agora, então pode ser que já tenha um artigo desse tipo e eu não saiba, caso tenha, poderiam me dizer? Obrigada

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    1. Redação

      Que bom que nosso blog tem te ajudado, Letícia. Vamos passar a sua sugestão de pauta para nossa redação!

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  2. Luiz Antonio Magalhães Pires de Aragão

    Realmente, são boas dicas técnicas. Não conhecia, ainda, a fonte da Biblio Mundi. Como neófito na profissão, preciso muito saciar minha sede. Obrigado.

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