Desafios que todo escritor já enfrentou

Você se senta para escrever, encara a página em branco. Seja na tela do computador, uma página do seu caderno ou até mesmo uma folha da sua página de escrever. Essa brancura te atormenta, o vazio. E você espreme seus pensamentos até a última letra, procurando formar um texto, mas nada satisfaz.

Esse é um dos vários desafios que todo escritor já enfrentou ao menos uma vez na vida, mas existem muitos outros mais. A trajetória de um escritor é marcada por alegrias e tristezas, felicidades e lamúrias.

Hoje, nas dicas de autopublicação da Bibliomundi, vamos falar um pouquinho sobre essas situações que todo escritor já viveu. Quem sabe assim consigamos ajudar você, autor, a se sentir menos sozinho nas suas vivências e talvez até encontre um caminho para facilitar seus problemas.

1.     Ter ideias nos piores momentos

A mente de um escritor é uma caixinha de surpresas. Ter uma ideia brilhante é tudo o que queremos, é como se o nosso cérebro estivesse enviando uma mensagem nos dizendo que SIM, somos escritores e nossa criatividade está em dia.

Mas, porém, contudo, todavia, no entanto… Essas ideias nem sempre surgem nos melhores momentos. Quem nos dera só pensar em algo novo para escrever quando a tenebrosa página em branco está lá, paradinha na nossa frente. E não, por exemplo, quando você está dirigindo seu carro no meio de uma estrada escura e perigosa.

Estradas escuras e perigosas podem ser muito inspiradoras. Curvas sinuosas, trilhas, penhascos, áreas desérticas, talvez a entrada para um bosque, um cemitério. Com um cenário desses do outro lado da sua janela, é fácil pensar em todo tipo de narrativa. Pode ser um terror sobrenatural ou até um conto de fadas. Pode ser só o poema de um viajante solitário.

Ainda assim, você não pode simplesmente parar seu carro no meio da curva para escrever. Quer dizer… poder, você pode. Não quer dizer que deveria. A estrada é perigosa, afinal de contas.

Essas ideias podem vir a todo momento. Pode ser durante o trabalho, num dia atribuladíssimo. Pode ser durante uma conversa séria, que não pode ser interrompida. Pode ser numa situação em que simplesmente não tem NADA a sua disposição que possa ser usado para anotar sua ideia. Acontece.

Nessas horas, o que podemos fazer é usar nossa engenhosidade. Está no carro e não pode escrever? Por que não grava um áudio, então? Está no trabalho e não pode parar? Anote ao menos a ideia geral. Não tem mesmo lugar nenhum para anotar? Bem. Às vezes, a vida é injusta.

2.     “Depois eu escrevo, vou me lembrar”

Falando em ter uma ideia e não ter onde anotar… Às vezes, até temos onde anotar a ideia sim, mas achamos que é uma boa ideia deixar para depois. Caímos na falácia do “eu vou me lembrar”.

Porque apenas pensar sobre sua história é divertido. É leve. É fácil. A imaginação vai longe, pensa em cenários inteiros. E, às vezes, de fato não faz tão mal. Só que você jamais deveria confiar demais nisso.

Superestimamos a capacidade da nossa memória. É fácil demais esquecer um pensamento. Pensamentos são efêmeros. Pense em quantas coisas você esquece de uma hora para outra. Às vezes, você esquece até onde está a tesoura que está na sua mão. Pense bem.

Se você tem uma ideia super complexa e passa horas elaborando ela só em pensamentos, enormes são as chances de que, caso você se lembre dessa ideia, ela seja reduzida a meia dúzia de palavras. O conceito que a princípio parecia tão concreto se torna um monstro disforme.

Portanto, anote suas ideias. Especialmente quando são ideias novas. Especialmente quando se tratam de um projeto que não tomou forma ainda. Quanto menos informações concretas você tiver sobre um conceito, mais você deve anotar. Só assim você desenvolverá suas ideias, em vez de esquecê-las.

Conforme essa ideia for se concretizando como um “projeto” e não só mais uma “ideia” na sua cabeça, mais fácil será de se lembrar dos aspectos relevantes. Ainda assim, faz bem anotar tudo o que você pensar de novo. Uma característica sobre sua personagem? Anote. Uma ideia para o enredo? Anote.

E, obviamente, sempre que for possível, escreva sua história. Só escrevendo você poderá publicar livro.

3.     Esperar que os planetas se alinhem para começar a escrever

O que leva um escritor a procrastinar para escrever até mesmo quando a inspiração bate na porta? Existem, de fato, muitos aspirantes a escritores que se sentem condicionados a escrever apenas quando a “musa” vem, e já problematizamos essa ideia no artigo A importância da disciplina para um autor profissional.

No entanto, o buraco às vezes é mais embaixo. Algumas pessoas esperam um verdadeiro alinhamento dos planetas para se sentirem aptas a escrever. Reclamam da falta de tempo, do cansaço, da falta de inspiração ou decidem que não pesquisaram o suficiente, não planejaram o suficiente.

Nesse caso, o problema é outro, e provavelmente se chama insegurança. Esse escritor escreve sente que não sabe escrever. Às vezes, se enrola numa bola de neve tão grande que fica tempos sem escrever e acaba se questionando até mesmo se ainda pode se chamar de escritor. As ideias ficam maquinando na sua cabeça, mas trazê-las ao mundo parece tão assustador quanto um parto.

De fato, escritor é quem escreve. O que você precisa se lembrar é que você pode escrever também. A literatura é de todos para todos.

Não seja tão rígido consigo mesmo. Não tente acertar na primeira tacada. Aceite tudo, até mesmo seus erros. Eles fazem parte do seu crescimento.

Para publicar livro, não basta escrever a história e mostrá-la ao mundo sem nem ler duas vezes. Você precisa editar seu próprio livro, precisa buscar erros e encontrar formas de melhorar. Muitas vezes deve até mesmo reescrever.

Então por que se estressar tanto por antecipação? Apenas escreva. Tem medo de que vai ficar ruim? Não tem problema! Deixe ficar ruim! Aceite que vai ficar ruim mesmo! Está tudo bem!

Qualquer escritor já escreveu um rascunho ruim. Na verdade, devem ter escrito vários. O seu livro favorito provavelmente teve um rascunho ruim. Você também pode.

Escreva agora. Deixe ficar ruim. É só revisar depois.

4.     Escrever ou fazer coisas importantes de verdade?

Se você ainda não se sente um “escritor de verdade”, se escrever ainda não é uma atividade lucrativa para você… Então, é possível que escrever simplesmente não pareça uma atividade importante se comparada às outras tarefas do seu dia a dia.

É normal que pessoas adultas precisem trabalhar para pagar as contas e, ao mesmo tempo, darem conta de arrumar a casa e preparar a comida. Muitos inclusive têm filhos e/ou familiares dos quais precisam cuidar em tempo integral. A vida adulta é cheia de atribulações e nada disso é simples.

Vivendo em uma sociedade capitalista, aprendemos a valorizar as atividades com base no retorno financeiro que elas podem nos oferecer. Se temos dois hobbies diferentes, um pode ser monetizado e o outro não, tendemos a considerar o hobby monetizável como o mais importante.

Medimos também a nossa produtividade dessa forma. Se fazemos muito daquilo que nos dá dinheiro, nos sentimos produtivos, pessoas que contribuem para a sociedade.

E escrever, a princípio, não dá dinheiro. Publicar ebook pode dar dinheiro. O simples ato de escrever, contudo, não traz retorno financeiro imediato. O que leva ao dilema: eu deveria estar escrevendo agora? Ou será que eu deveria estar procurando uma louça para lavar?

Podemos começar pensando naquilo que nos faz bem. Escreva porque você ama escrever. Escreva porque você tem ideias que deseja colocar no papel, porque isso é prazeroso.

E também pensando um pouco além. Escrever é uma habilidade. É algo que podemos treinar, desenvolver. E tem uso prático. Praticando a escrita aprendemos a nos comunicar melhor. Criando ficção aprendemos a nos colocar no lugar do outro, a refletir. É uma atividade frutífera.

Por fim, escrever pode sim ser um projeto profissional. Você pode investir seu tempo na escrita para, então, publicar livro e trilhar um caminho até se tornar autor em tempo integral. Ter a escrita como fonte de renda é possível, só não acontece da noite para o dia. Como quase toda profissão, exige dedicação, preparo e desenvolvimento.

E aí, autor? Pensou em mais alguma situação que todo escritor já viveu?

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