por Beatriz Simonimi, convidada especial do #ElasOcupamBibliomundi
Trabalho há quase 5 anos em uma livraria digital no merchandising e sou responsável pela venda de conteúdo no Brasil e Portugal. Muita gente me pergunta o que eu faço, e para resumir, sempre digo: eu penso em como levar o conteúdo certo para a pessoa ideal. Ideal porque nem sempre essa pessoa sabe que é a pessoa certa para determinado livro, o nosso trabalho também é levá-la a descobrir.
Em uma livraria digital, o espaço é infinito, mas a concorrência é desleal. 95% dos clientes não chegarão jamais ao fim da homepage, e além disso o tempo de estadia em cada página de site é curto. Além disso, temos que pensar na visualização e experiência de compra em outras plataformas, como o aplicativo e o device (ou eReader). São espaços completamente diferentes. Porém, nem tudo é desamor: O espaço digital também nos dá muitas ferramentas inteligentes.
É importante saber que o modus operandi do consumo de livro digital (falo livro, mas também posso estar falando de outros formatos de conteúdo, como o audiobook, e mesmo podcasts) é totalmente voltado para a cauda longa – ou seja, vendemos menos unidades de muito mais livros – o contrário do consumo tradicional, dominado por best-sellers e tendências dominantes. Esse comportamento se aplica também ao mercado da música, de filmes e séries. Basta olhar para a diversidade de bandas, séries estrangeiras, filmes que nunca chegaram ao cinema aos quais temos acesso hoje em dia. Porém, com a diversidade, vem também a dificuldade: temos muito mais produtos para organizar e mostrar.
Uma das coisas mais importantes das livrarias digitais hoje em dia é o famoso algoritmo: utiliza-se da informação de busca, compra, visualização etc de determinado usuário, cruzando com o comportamento de outros, chegando-se assim à uma verdadeira sugestão robótica: quem leu isso, normalmente vai gostar disso; autores que interessam ao mesmo público, você que já comprou alguns livros de gastronomia tem interesse no gênero. Toma aqui essa Bela Gil. Esse Alain Ducasse. E muito mais.
Isso é o que chamamos de personalização – e pode ser usado no ambiente do site, em e-mails, mensagens push e onde mais o mundo permitir. Porém, o frio mundo digital também conta com pessoas. Profissionais da área, conhecedores, produtores de conteúdo muitas vezes, que são como o mágico de Oz por trás dos panos. Estes pensam em como direcionar os dados, organizar e selecionar o conteúdo de forma a trazer o interesse, e são muitas vezes a porta de entrada e de curadoria de muita coisa que tem chance de dar samba – estes ficam atentos aos termos mais buscados por clientes, tópicos em alta, polêmicas, obituários (sim!), etc, fazendo o jogo do mico doido (alguém lembra?) através da união do conteúdo com seu par (o leitor!). Essa junção, do homem a máquina, torna a experiência do novo livreiro extremamente complexa e interessante, além de sempre evoluir com a chegada de novas tendências e tecnologias.
Beatriz Simonimi é formada pela Eco-UFRJ em Produção Editorial. Começou a trabalhar com livros digitais na primeira livraria digital do Brasil. Atuou como gerente comercial na Xeriph Distribuidora Digital e como coordenadora de conteúdo digital na editora Zahar. Desde 2014 é merchandiser e content sales lead da livraria digital canadense Kobo.
#umapuxaaoutra: Quem são as mulheres inspiradoras que você gostaria de apresentar? Minhas amigas e parceiras de mercado editorial @Camila Cabete e @Bia Alves que estão quebrando o patriarcado com o podcast @As Desqualificadas.
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Tenho dois livros já publicados um de ficção e o outro é um conto, como faço para que ambos possam ser mais divulgados.
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Olá Mauro, você pode conhecer as dicas que separamos aqui: https://bibliomundi.com/blog/5-dicas-para-vender-mais-seu-livro-ainda-em-2018/
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Quanto custa a publicação de e-book ? O livro físico foi publicado. Direciona-se a universitários do curso de direito. Tenho outros 2 pendentes de publicação na editora.
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Olá Hilton, com a Bibliomundi o custo de publicação do ebook é 0, nossa plataforma é gratuita. Você pode criar seu epub, com isbn, distribuir para as lojas, sem ter que pagar nada por isso. Nós ganhamos quando você ganha. Trabalhamos com revenue share. Ou seja, sempre que houver uma venda do ebook, admitimos uma porcentagem do valor repassado. Para outras dúvidas: https://bibliomundi.com/faq
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Super bacana o artigo!
A quantidade de informações às quais temos acesso hoje muitas vezes nos tomam tanto tempo que nos perdemos em inúmeras delas, sem realmente estarmos interessados.
Essa curadoria é interessantíssima, especialmente para conteúdos que fogem da curva dos “mais-vendidos”. Muitas vezes, são justamente eles de quem mais precisamos!
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Isso mesmo Bianca. E esse trabalho de análise de dados fica muito mais fácil quando os metadados dos livros são completos e bem preenchidos. Assim, a curadoria consegue ser assertiva e relevante.