A Cultura K-Pop chega aos ebooks

O K-Pop é um fenômeno. Disso não podemos ter dúvidas. Tipicamente, a tendência é que a maioria dos produtos culturais que consumimos sejam produzidos nos Estados Unidos, na Inglaterra ou aqui no Brasil. É só pensar em quais filmes e séries assistimos, quais músicos ouvimos.

O que vem de outros países fora desse eixo de influência acaba caindo na categoria de “cultura de nicho” na maioria das vezes. Ainda que esses produtos culturais ganhem popularidade, dificilmente são tratados como um interesse comum. É algo que pertence “ao outro”, a pessoas com gostos específicos.

E, mesmo assim, o K-Pop veio e conseguiu façanhas como lotar estádios inteiros, aparecer em talk shows estadunidenses que recebem estrelas de Hollywood toda semana e ganhar prêmios de altíssima influência mundial, como o American Music Awards. De repente, o que é (ou era) considerado uma cultura de nicho começou a ocupar espaços direcionados ao grande público.

Só em 2012, a indústria K-Pop arrecadou cerca de 3,4 bilhões de dólares, o que a concedeu o título de maior exportação da Coréia do Sul segundo a revista Times. E é muito provável que a intenção do país seja se tornar um dos maiores exportadores culturais do mundo.

O sucesso do K-Pop não veio por acaso. A indústria musical coreana faz um enorme investimento na criação de cada idol, que recebe um treinamento desde no mínimo a adolescência para se tornar um excelente cantor e/ou rapper, dançarino e figura pública em geral. Só os melhores conseguem entrar em um grupo de K-Pop. E só grupos de sucesso conseguem se manter no mercado.

No que diz respeito ao mercado editorial brasileiro, o que observamos são bancas de jornais cada vez mais cheias de revistas voltados para os fãs de K-Pop, mas os livros impressos que abordam o tema ainda são poucos.

Os primeiros lançamentos de não ficção sobre K-Pop foram em 2017, sendo eles O Melhor Guia De K-Pop Real Oficial por Hugo Francioni e Pedro Pereira e K-Pop – Manual de sobrevivência: Tudo o que você precisa saber sobre a cultura pop coreana por Babi Dewet, Érica Imenes e Natália Pak. Este ano, saiu o livro Meu Pop Virou K-Pop de Gaby Brandalise e Thais Midori.

Como a autora Babi Dewet fala em seu canal no YouTube, ainda há muitos questionamentos quanto ao lançamento de livros sobre K-Pop, inclusive dentro da própria comunidade de fãs. Especialmente no que se diz respeito aos livros de não ficção, muitas pessoas acreditam não ser necessário ler ou escrever um livro com informações que você “encontra na internet”.

O que acontece é que, ao publicar livro sobre K-Pop, você se torna uma fonte de conteúdo com credibilidade, que pode inclusive ser citada em artigos acadêmicos. Além disso, é possível trazer informações que vão muito além das páginas da Wikipédia, procurando fontes em bibliotecas especializadas na cultura sul-coreana e compartilhando perspectivas singulares, como a história política e o impacto sociológico do K-Pop. Sem contar que ao escrever um livro, é feita uma curadoria das informações mais relevantes, o que torna a leitura muito mais prazerosa. Não é a toa que K-Pop – Manual de Sobrevivência ganhou uma continuação com direito a sessão de autógrafos na Bienal do Livro.

Devemos lembrar também que o K-Pop é apenas parte, ainda que a parte mais lucrativa, de toda a “onda coreana” (ou Hallyu, como foi chamada originalmente). Essa onda engloba diversas formas de cultura e entretenimento que vão desde a música até a televisão, a moda, a beleza. Temos cada vez mais pessoas utilizando cosméticos coreanos, se inspirando nas tendências do país e assistindo suas novelas. É óbvio que isso dá muito pano para manga.

Cria-se um imaginário que foge das convenções de Hollywood para se inspirar nas tendências de Seul. E, assim, surgem cada vez mais obras de ficção inspiradas em Hallyu. Desde fanfics sobre idols coreanos até livros inspirados na estética dos K-Dramas (as novelas coreanas). E, como você pode imaginar, essas publicações são muito mais proeminentes no meio independente.

No Wattpad, uma das plataformas de leitura gratuita mais populares para autores independentes, a história nº 1 na categoria cinema é Conexão Seul, escrito por Marianna Leão. Com inspirações em K-Drama e aparição de grupos como BTS e Big Bang, essa história de ficção mostra as reviravoltas da vida de uma garota que sonhava em estudar cinema em Los Angeles, mas em vez disso foi parar em Seul. A história já conta com mais de 75 mil leituras.

Um dos motivos para o sucesso da autopublicação de ebooks é a possibilidade dos autores independentes investirem em nichos negligenciados pelas grandes editoras. Esses nichos têm leitores fiéis, mas são considerados um investimento arriscado por não atraírem a atenção do grande público. E, assim, os livros inspirados em K-Pop e em toda a Hallyu vão ganhando seu espaço.

E aí, autor? Você tem vontade de publicar ebook sobre K-Pop? E aos leitores: que tipo de livros vocês gostariam de ler relacionados ao tema Hallyu?

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