Criar uma peça teatral pode parecer uma tarefa árdua: exige de nós a dedicação, criatividade, disponibilidade de tempo e uma dose de persistência para que as ideias saiam do imaginário e passem a habitar o papel.
Se você, autor independente, deseja escrever peças teatrais, precisa entender algumas referências básicas, mesmo que não exista um padrão para a escrita dramática. Existe uma formatação, com as falas e rubricas em lados diferentes, que auxilia a estrutura.
O Texto Teatral é o texto que foi criado para ser encenado, podendo ser escrito em prosa ou poesia, contendo personagens, tempo, espaço, enredo e, geralmente, não possui um narrador (o que não é uma regra). Criar uma peça teatral é o mesmo que escrever um roteiro, contendo tudo que é dito pelos atores e as indicações para tudo que deve ser feito.
Uma peça de teatro é dividida em “Atos” e “Cenas”. Os “Atos” são cenas interligadas por uma subdivisão temática. As “Cenas” se dividem conforme as alterações no número de personagens, ou seja, quando entra ou sai do palco um ator.
Através das “Rubricas”, o roteiro traz as determinações para a realização do drama, descrevendo o que acontece em cena, por exemplo, se ela é exterior ou interior, se é noite ou dia, e possuem as seguintes categorias: “Macro-rubrica” e “Micro-rubrica”, esta última dividida em “Objetiva” e “Subjetiva”.
A “Macro-rubrica” é uma “Rubrica” geral que interessa à peça, ou ao “Ato” e às “Cenas”. As demais “Rubricas” estão inseridas no diálogo e afetam apenas a ação cênica. A “Micro-rubrica Objetiva” descreve os gestos, movimentos, posições, ou indicam o personagem que fala. Já a “Micro-rubrica Subjetiva” descreve os estados emocionais das personagens e o tom dos diálogos e falas.
Mas, como construir uma boa história para uma peça teatral?
Não há drama sem conflito. E todo drama é um confronto de vontades humanas. Se a cena inicial é uma discussão entre um policial e um suspeito, logo os espectadores tiram várias conclusões sobre a situação dos dois.
A peça tem sua ideia central, relativa a um tema. Daí, o autor parte para o desenvolvimento de uma sequência de cenas, até a conclusão do drama. Já na concepção dos personagens, pense neles como seus amigos, escreva sobre eles como se você os conhecesse intimamente.
É claro que, na peça teatral, o personagem exibirá pouco de suas facetas, porém, uma boa dica é descrevê-lo como um tipo completo, e como ele se comportaria em cada situação da história a ser contada. Personagens que têm uma motivação forte, sem medir os riscos, sempre são os personagens mais interessantes, mas esse empenho forte se torna, muitas vezes, seu lado fraco e vulnerável. A partir disso, já é possível montar muitas possibilidades.
Deve-se ter a curiosidade de observar como as pessoas revelam sua personalidade no dia a dia, assim, será fácil para o autor da peça construir seus personagens e montar em torno deles uma história de conflitos, que poderá ser uma trama envolvente e educativa.
Para o final, você deverá ter em mente uma ideia clara de como irá resolver o conflito da história e, caso se trate de um final aberto, pensar nas possíveis interpretações que o público poderá dar para a obra. Você poderá reler o seu roteiro e continuar polindo seu trabalho, até que possa fechar o script com um bom final.
No geral, a questão importante não é o quanto a peça reflete a vida, mas o quanto ajuda a audiência a entender a vida. Vale lembrar que não existe receita de bolo e que cada autor tem sua própria didática.
Outras boas dicas são:
- Crie constantes diálogos entre personagens;
- Crie a ficha dos seus personagens;
- Escreva pensando na peça teatral como um todo, nos atores, na plateia, no palco, cenário, figurino e sonoplastia;
- Pense na sua história de forma que o público se identifique e se conecte com ela;
- Para a encenação, além do texto, há o importante uso da linguagem corporal;
- Não é uma regra ter narrador, mas você pode usá-lo.
A verdade é que não se deve ter pressa ao criar algo
Diversos roteiristas profissionais demoram anos para escrever e ainda mais tempo para revisar uma peça, a fim de atingir o mais próximo possível da perfeição, passando por um extenso processo.
Claro que isso não deve te desmotivar, mas, sim, te inspirar. As grandes histórias não foram escritas do dia para a noite. Elas levaram um tempo para maturar. A prática da escrita leva à perfeição!
Então, agora que você já sabe como criar uma peça teatral, já passou pela sua cabeça publicar um livro e tornar-se um autor independente de sucesso? Que tal começar hoje mesmo?