Paula Cajaty é editora da brasileira Jaguatirica e da portuguesa Gato Bravo, além de escritora e Diretora de Comunicação da Libre (Liga Brasileira de Editoras Independentes).
Ela é convidada do #ElasOcupamBibliomundi para mostrar o lado de lá do mercado, no olhar de quem está de dentro, das editoras independentes, atenta às mudanças, representando o Brasil em rodadas de negócio e agora com um pé em Portugal.
O Blog Bibliomundi preparou um teti-a-teti de 6 perguntas para uma das editoras mais multitarefas que conhecemos.
Quais são os desafios de ser uma editora no Brasil, em um momento de crise do mercado tradicional e baixos índices de leitura?
Com a experiência que tenho nesses últimos oito anos, notei que produzir no Brasil é mais difícil do que produzir livros na Europa. O cotidiano é mais árido, mais burocrático, mais cansativo, mais custoso, porém a parte boa é que os dias também são mais vibrantes, emocionantes e significativos. Como se a dificuldade trouxesse empatia entre as pessoas envolvidas e uma sensação de vitória mais palpável.
Talvez seja um pouco daquela história de que conquistar o difícil é mais gostoso.
Queremos saber do dia-a-dia: quais são os perrengues e as delícias da rotina na Jaguatirica?
Começo pelas delícias: o café italiano diário ao som das melhores rádios do mundo, um carinho do Marcel, que trabalha comigo na parte do design dos livros e em todas as demandas relacionadas à automação e tecnologia da informação, sites e ebooks. A leitura diária do Medium, com dicas do cotidiano de negócios nos mundos americano e europeu, e as reflexões e conversas que surgem disso. O encontro sempre essencial com amigos e autores no novo escritório da editora, e as conversas sobre edição e literatura que sempre terminam na livraria Leonardo da Vinci.
Os perrengues: ver que o tamanho da despesa para produzir empata e às vezes (it sucks!) supera o ingresso financeiro; o princípio de Pareto (aquela regra dos 80/20) que alguns autores teimam em seguir e, por fim, os desafios com prazos de gráficas que sempre furam – e daí já fazemos cálculos de prazos incluindo os furos das gráficas -, e problemas com transportadoras que chegam a fazer o coração da gente doer.
Por qual área seu coração bate mais forte, executiva ou editorial?
Gosto de ambas as partes, quase igualmente. Não dá para cuidar só do livro em si e do autor, sem estar conectada com os demais braços essenciais de uma editora, como a parte de relacionamento com outros editores e fornecedores, livrarias, gráficas, transportadores, marketing e distribuidores. Aqui na Jaguatirica, pela equipe pequena, todos sabemos fazer tudo: mapas de consignação, inserção de dados em planilhas de metadados, ajustes no InDesign, plataformas de CRM, etc. Eu sempre penso na editora como um todo, já que o livro não consegue caminhar sem a parte do “backend” da editora, ou sem a parte comercial estar bem ajustada.
O que uma editora busca em um livro para publicá-lo?
No caso da Jaguatirica, procuramos livros de qualidade que não encontram espaço em editoras comerciais.
Privilegiamos um conteúdo mais elaborado, menos midiático, menos “de massa”, porém, com livros e autores que sejam capazes de transformar o leitor. Claro que temos um braço que chamamos “publicação com baixa tiragem”, que é a nossa solução de conferir mais qualidade a um livro que seria encaminhado à autopublicação. Neste segmento de trabalho, avaliamos a qualidade do livro para verificar a viabilidade do conteúdo no mercado, adicionamos serviços editoriais para aumentar a qualidade da obra, e então fazemos uma publicação que não entra no nosso catálogo, porém, que apresente bons padrões de qualidade editorial. Um diferencial que torna confortável trabalhar na Jaguatirica é que não fazemos serviços dos quais não nos orgulhemos, pois, nesse mercado, o que tem valor é o nome das pessoas e das empresas, e não dá para negociar com isso.
O que você mais preza na hora de prestar serviço aos autores?
Gosto de atender bem e fazer o melhor para cada livro. Gosto de pensar como aquele livro, e aquele autor, interage com o catálogo da editora, e o que posso construir a partir do conteúdo que tenho disponível. Gosto ainda mais de dar notícias boas para os autores, porém, infelizmente, isso não depende só de mim, em alguma medida.
Momento #UmaPuxaAOutra: quais as mulheres e profissionais do mercado que te inspiram?
As mulheres que me inspiram são todas minhas amigas, e eu nutro uma enorme admiração por elas:
Valéria Martins, da Oasys Cultural, pela tenacidade. Thereza Christina Rocque da Motta, editora da Ibis Libris, pelo amor aos livros. Raquel Menezes, editora da Oficina Raquel e presidente da LIBRE, pela empatia com os pares. Guiomar de Grammont, professora e curadora do Forum das Letras de Ouro Preto, pela capacidade de unir o antigo ao novo e, mais recentemente, Márcia Naidin, agente literária, pela resiliência.
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Andréia Martinz, como faço para entrar em contato com a Paula Cajaty? Poderia enviar-me os contatos dela para o email: mclaraprado@gmail.com?
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Qual o primeiro passo para publicação de meu livro?
Qual o preço (por página)?
Como analisar o resultado?
Como figurar a capa?
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Olá Magno, a Bibliomundi é uma plataforma online de autopublicação, ou seja, fornecemos as ferramentas digitais para que o autor publique seu próprio ebook de forma independente. Aqui temos o nosso FAQ para tirar dúvidas: https://bibliomundi.com/faq