Escrita é vulnerabilidade. É colocar a mente ou o coração ou os dois para fora. É libertar de dentro dos confins do eu aquilo que se sente, pensa, imagina. E pode ser muito mais difícil do que falar de forma direta sobre a realidade, o sério, o banal.
Existe algo de dentro de nós que colocamos para fora quando escrevemos. A natureza dessa coisa varia muito de cada um. Alguns autores falam de suas ideias e pensamentos. Outros se expressam na poesia. Tem quem crie mundos e histórias. E quem só fale sobre o que aprendeu e construiu nessa vida.
De certa forma, publicar livro é como se dar um certificado de validade. Quando passamos por esse processo, nos sujeitamos à possibilidade da rejeição. Pode vir das grandes editoras, pode vir do público. Quando recorremos à autopublicação, há quem diga que cedemos à soberba e nos oferecemos uma autovalidação.
Há um medo de encarar a escrita como uma forma de insinuar grandeza. Há um medo de não merecermos o reconhecimento.
Há até mesmo um medo de ser brega.
Escrever pode ser muito intenso e pessoal. Nossas personagens podem ser amigas com opiniões próprias, podem ser facetas completamente distintas e ainda sim verdadeiras da nossa personalidade e identidade. Perder uma personagem pode ser como perder uma parte de si. Pode doer tanto que você não consegue falar sobre nem na terapia.
Existe uma certa máxima de que qualquer pessoa pode escrever e que, de certa forma, isso faz de quase toda pessoa um mau escritor. O que questionamos na Bibliomundi é: quem tem o poder para definir se você é um bom escritor ou não?
Nós acreditamos que isso é poder demais para se conceder ao outro, porque no fim das contas o que importa aqui é muito mais do que um valor arbitrário do bom e do ruim. Trata-se de uma forma de expressão e, na expressão, a democratização.
Todo mundo tem algo a dizer e todo mundo deveria ter o direito de usar a sua voz. Se o caminho da sua voz é através da escrita, só você pode saber. Desde que você queira escrever, você pode. Desde que você queira publicar ebook, artigo ou post, você deve!
Defendemos uma literatura de todos para todos, uma escrita de todos para todos, porque queremos liberdade. A liberdade para ser, a liberdade para criar, a liberdade para se expressar.
Falamos muito de liberdade, mas queremos que você sinta na pele o sentimento de libertação, de soltar aquilo que está preso, trancado, isolado dentro de você. Suas ideias.
Não estamos aqui para fazer juízo de valor, mas sim, o público terá o direito de o fazer. Vale se reprimir por isso? Ou se pode dar a oportunidade de viver e aprender junto com o outro?
Quando compartilhamos nossa escrita, damos ao outro a oportunidade de dar uma espiada dentro da nossa alma. Isso pode ser desafiador, mas também reconfortante. Às vezes, quando alguém ouve o que você tem a escrever, o que acende de forma surpreendente e espontânea é a identificação.
Emociona-se com a sinceridade. O que você vê como um lixo pode ser o tesouro do outro e vice-versa. Sua escrita “amadora” pode acalentar o coração de alguns. Pode trazer lágrimas de emoção, de riso, de amargura e felicidade.
Pode provocar o diálogo. Pode inspirar você a escrever mais e até mesmo a evoluir.
Defendemos a troca. A troca entre você e o outro. Não somos contra a crítica, mas pensamos em como fluir com ela. Começa pela empatia e educação que você oferece ao conhecer a escrita do outro, e não há lugar melhor do que comunidades de escritores para isso.
Sugerimos trocar insegurança, ansiedade, dúvida por outras palavras. Sugerimos mudar o seu discurso de auto-depreciação e eliminar seus subterfúgios para não escrever e, se escrever, não compartilhar. Propomos que você pense em onde você está na sua jornada e aceite caminhar.
Viva sem vergonha de ser feliz, cante a beleza de ser um eterno aprendiz. Não interessa se você começou hoje com uma palavra solta no papel ou se está a cinquenta anos nessa jornada. Você ainda pode aprender.
Ninguém está acima da crítica, ninguém está acima da mudança, ninguém está acima do aprendizado. Você mesmo pode descobrir que o que fazia ontem, com orgulho e sucesso, não funciona mais hoje.
Abraçar uma humildade universal também é uma forma de se fortalecer contra o negativo. Na sua condição humana, você tem o direito de errar, de acertar, de tentar de novo, de ter opiniões diferentes, de aceitar sua subjetividade.
Por favor, se você tem gana de escrever, escreva. E se você escreve, compartilhe.
Não se reprima, não se guarde para si.
As dores de viver uma personagem podem ser íntimas demais para se dizer ao outro, que só aceita a experiência material. A extravagância de se dizer poeta pode ser além da compreensão, como se falar em enigmas. O orgulho de escrever sobre si e sobre o que conhece e sobre o que sabe para quem tem vontade de aprender pode parecer soberba para quem não aceita um novo conhecimento.
Sempre existirá o outro. E o outro pode ser bom.
Solte o grito que está amarrado na sua garganta. Dance com a criatividade que você sempre reprimiu como o ritmo dos seus quadris. Expresse, gesticule, solte, solte, solte.
A escrita para quem quer escrever, tal qual a leitura é para quem quer ler.
Por uma autopublicação de todos para todos.
Não tenha medo. Crie seu caminho, seja ele modesto ou extravagante. Seja ele como você quiser ser.